
Gaja que é gaja sente sempre necessidade de encerrar as coisas na sua vida. Temos armários e, dentro dos armários, gavetas e, ainda, dentro das gavetas, caixinhas. Tendemos a organizar os pensamentos, situações, pessoas, relações, como se de um guarda-fatos se tratasse, como um perfeito walking closet.
E isto significa que, se existir alguma situação incompreendida, ela irá necessariamente gerar caos e pronto, fica tudo desarrumado e gaja que é gaja não consegue lidar com o caos de forma comedida.
Depois os meninos queixam-se, esperneiam e maldizem um pseudo criador.
Se dizem que é tudo lindo, admirável e no dia seguinte desaparecem a gaja vai pensar em todas as hipóteses, incluído mortes com requintes de malvadez e abduções nocturnas (que incluem cópula forçada com seres esguios com três dedos em cada mão e um olho no meio da testa), mas nunca a hipótese provável de que não querem, porque não querem, falar com elas. É mais fácil uma gaja achar que vocês perderam o telemóvel a achar que não lhe querem falar. Aliás, até é mais fácil começar a ligar para todos os hospitais e morgues do que se ficar pela teoria, acertada, de que, muito simplesmente, foram parar a outra freguesia.
Por isso mintam se necessário for, e se sentirem necessidade de imprimir alguma misericórdia ao acto, teorizem para além das vossas forças, aldrabem ou confessem-se, mesmo que faça dói dói. Mas nunca, por nunca, fujam ou deixem em aberto situações sob pena de receberem uma visita de uma qualquer Glenn Close, a menos que gostem de pratos de coelho.

Sejam cruéis, mas expliquem-se. Não nos tentem imitar com tiradas duais e pensamentos profundos onde cabe tudo e mais alguma coisa. Mentalizem-se…Gaja que é gaja não descansa enquanto não entender o que se passou, e de caminho irá infernizar-vos a existência.
Mas mais, peço-vos que o façam também por um pequeno motivo...porque me ajudam a não ter que dizer coisas medonhas a quem se encontra em construção de teses e a quem se pergunta coisas tão espatafúrduas como " o que é que ele quis dizer com o "desaparece!"...